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domingo, 18 de outubro de 2009

DEVACHAN: MORADA DOS DEVAS


DEVACHAN: MORADA DOS DEVAS
Suas Características & Habitantes

por C.W. Leadbeater
trad. resumo & adaptação: Ligia Cabús
mahajahck@hotmail.com

LINKS RELACIONADOS:
BARDO THÖDOL: ESTUDO DO LIVRO TIBETANO DOS MORTOS
KAMA-LOKA & DEVAKAN: POST MORTEM NA DOUTRINA TEOSÓFICA



SUMÁRIO

Os Planos Existenciais
Descrição de Um Mestre
Sentido Radial
Todo o Conhecimento do Universo
Impressões de Devachan
REPORTAGEM: Mensagem da Água
A Linguagem Colorida dos Devas
Viagem ao Centro de Si-Mesmo
Rûpa & Arûpa: Regiões de Davachan
Corpo Mental & Corpo causal
Paraíso Pessoal

HABITANTES DE DEVACHAN
I. Humanos
Desencarnados: os Mortos
Primeiro Céu
Segundo Céu
Terceiro Céu
Quarto Céu
Quinto Céu
Sexto Céu
Sétimo Céu

II. Não Humanos: Elementais
Reino Animal
Devas: os Anjos
III. Seres Artificiais

Biografia: C.W. Leadbeater


Este texto pretende oferecer uma descrição daquilo que é o plano mental, [ontologicamente superior ao plano em que vive a Humanidade], o chamado mundo-paradisíaco, freqüentemente denominado, na literatura teosófica, como Devachan [ou Devakan] ou Sukhâvati. Devakan é uma visão que se refere à realidade que abriga as melhores e mais espirituais experiência de Paraíso que tem sido propostas por várias religiões. Devakan, é um reino da Natureza, de grande importância para os seres humanos. É um vasto e esplêndido mundo de vida intensa no qual, não somente vivemos, também, agora, neste instante, como também, nele estaremos nos períodos intermediários entre as encarnações [existências-vidas em corpos físicos densos].

É necessário que o estudante de Teosofia compreenda a grande verdade que existem na Natureza vários Planos [ontológicos, de Ser] - ou "divisões", cada Plano constituído de sua própria qualidade de matéria; qualidade que varia em função de graus de densidade. O que há de fantásticos nestes diferentes "Planos de Ser" é que eles se interpenetram. quando a doutrina teosófica ou a espírita se referem a "planos inferiores" e/ou "planos superiores", os adjetivos "superior", "inferior", não se referem, de nenhum modo, a uma posição, um lugar, posto que todos os Planos ocupam o mesmo lugar no Espaço [e este é um mistério da metafísica do Universo].

Não se queixem, não chorem nem mesmo rezem. Apenas abram seus olhos e vejam. Existe luz sobre vocês; se vocês puderem tirar a venda dos olhos, verão. É maravilhoso, é magnífico, muito além de qualquer sonho ou desejo, e isso é para sempre e sempre. MESTRE BUDISTA.


As palavras "superior" e "inferior", em relação aos planos existenciais, referem-se a graus de densidade ou de rarefação da matéria, condição que varia conforme a atuação de forças como velocidade [de rotação das partículas] e vibração [do conjunto-indivíduo, vivo ou bruto]. Quando se diz que alguém "passou de um plano para outro" isso não significa nenhum deslocamento no espaço, nenhuma distância percorrida, mas, simplesmente, acontece uma mudança de ESTADO de consciência.

Todo Homem tem, em si mesmo, matéria "pertencente" ou própria de cada destes Planos Ontológicos, e cada porção de diferente tipo de matéria tem, no homem seu veículo próprio, correspondente, capaz de ATUAR - de ser e estar, em outros Planos. Essa capacidade de transitar entre os Planos do Ser pode ser ensinada e aprendida.

Transitar entre os planos significar mudar o foco da consciência, de um veículo para outro, a saber, veículo físico, veículo astral e veículo mental; ou ainda, corpo astral, corpo mental, corpo físico. Cada um destes corpos é sensível somente às vibrações de seu próprio Plano natural de manifestação.

Situar a consciência em um dos corpos é como sintonizar a consciência como quem sintoniza as ondas de um rádio ou TV. Quando a consciência está "focada" ou sintonizada no Plano existencial astral, o homem percebe o mundo astral; da mesma forma, a consciência concentrada no corpo físico somente percebe a realidade do mundo físico. Todavia, é preciso ter em mente que esses "mundos-planos" e outros ainda [em todo o Universo] existem, em plena atividade, simultaneamente no tempo e no espaço. De fato, todos esses planos juntos constituem um poderoso Ser vivente embora nossos sentidos limitados somente seja capazes de perceber somente uma pequena parte desta realidade fantástica.

Cada globo físico tem seu próprio plano físico (incluindo sua atmosfera), seu plano astral e seu plano mental, todos interpenetrando-se, ocupando o mesmo lugar no espaço. Estes planos, próprios de cada globo não se comunicam com os planos correspondentes de outros globos. Somente aqueles que alcançam o elevado nível da consciência buddhica ou plano buddhico podem transitar em todos os planos das cadeias planetárias.

O Plano Astral da Terra interpenetra a massa do planeta e se estende em sua atmosfera e além da atmosfera. Relembramos, aqui, que este plano foi chamado pelos gregos de mundo sublunar. O Plano Mental interpenetra o astral e se expande para ainda mais longe que o Plano Astral.

Os Planos Existenciais

O Plano Mental, no qual transcorre a "vida paradisíaca" ou "celestial [Devakan/Devachan=Morada dos Devas, ou deuses] é o terceiro de 5 grandes Planos [ontológicos] de existência de seres "animados". No plano físico é próprio da condição humana em relação à qual, o 1. Plano Astral é um plano inferior. Acima do 2. Plano Físico Humano existem os Planos: 3. Mental, 4. Buddhico e 5. Nirvânico.

É no Plano Mental que o ser humano passa a maior parte da existência durante seu processo evolutivo. A proporção entre a duração da vida física e a duração do tempo passado em estado devakânico é de 1 para 20, em alguns casos, 1 para 30; ou, por exemplo, a uma vida de 60 anos terrenos corresponderá um período em Devakan de 60x20 anos terrenos [1.200 anos]. O Mundo Celestial é, na verdade a Lar permanente real do Ego Reencarnante ou Alma Humana.

Falar de Devakan é muito difícil por conta da carência de palavras adequadas, na linguagem corrente, para descrever uma realidade tão diferente da terrena. É especialmente complexo descrever os estados de consciência mais amplos. No Plano Mental, a dimensões espaço e tempo não são percebidas como no Mundo Físico, separadas; no Plano Mental a dimensão é o complexo Espaço-Tempo da simultaneidade de todos os fatos.

Quando um estudante de ocultismo, um candidato a Iniciado tem suas primeiras experiências "fora do corpo", seja para acessar o Plano Astral ou o Plano Mental, ele o faz orientado por um Mestre que, induz, a uma primeira mudança de estado de consciência: da vigília para o transe. As primeiras visões são relatadas como a recordação de uma indescritível felicidade, em geral, profundamente "colorida", condicionada por convicções religiosas pessoais.

A Descrição de Um Mestre: sobre Devachan, um eminente ocultista escreveu seu relato que foi publicado em Catena of Buddhidt Scriptures:


Nosso Senhor Buda disse: entre os muitos milhares de miríades de sistemas de mundos além destes existe uma região gloriosa chamada Sukhâvati. A região é cercada por sete linhas de muralhas, sete linhas de torres e sete linhas de árvores batidas pelo vento. Essa é a morada santa dos Arhats, governada pelos Tathâgatas, domínio dos Bodhisatvas [corpos de sabedoria]. Também existem ali sete lagos preciosos cujas águas cristalinas possuem, em cada lago, diferentes propriedades. Isso Oh! Sâriputra, isso é Devachan, flor divina cujo aroma se espalha nas sombras de todo o mundo. Quem nasce nessa região abençoada, quem atravessou a ponte dourada e alcançou as sete montanhas douradas, esses, são realmente afortunados; para esses, não mais haverá dor ou tristeza.

Apesar da descrição do Mestre, acima, ser alegórica, velada sob coloridas figuras de linguagem orientais, é possível encontrar no trecho algumas pistas que os modernos investigadores procuram decifrar. As sete montanhas de ouro podem se referir às 7 subdivisões do Plano Mental, separadas por barreiras impalpáveis ainda que reais [as muralhas, as árvores, as torres]. Os 7 tipos de águas cristalinas, de diferentes propriedades, representam diferentes poderes e condições da mente.

A raiz da flor que se espalha nas sombras da Terra significa que todo homem encontra seu correspondente celestial [seu Eu Superior]. Para isso, é necessário atravessa a ponte dourada, a fronteira que separa Devachan do mundo dos desejos [o Plano Físico]. Desaparecem, em Devachan, os conflitos entre superior e inferior, não há mais tristeza ou dor até que, mais uma vez, o homem escolhe reencarnar, deixando a morada dos Devas para trás.

A bem-aventurança intensa é a idéia que mais de perto se relaciona com as concepções de uma vida paradisíaca. De fato, Devachan é um mundo no qual, por sua própria constituição, o mal e a dor são impossíveis. ali, a criatura não somente é feliz, muito além disso, em Devachan cada um desfruta da plenitude espiritual de acordo com sua capacidade. Ali, uma pessoa somente aspira àquilo que é capaz de aspirar. Em Devachan compreende-se, enfim, alguma coisa sobre a verdadeira natureza da grande Fonte da Vida. Compreende-se, ainda que vagamente, num lampejo, o significado do Logos e o que Ele representa. Depois de vislumbrar o Logos a idéia que se tem da vida e do Ser nunca mais será a mesma. Qualquer pensamento que contrarie o conceito de Bem Universal torna-se abjeta.

Sentido Radial & Vibrações

A sensação de comunhão Universal experimentada em Devachan é um Sentido Radiante [sentido radial, alcance de 360°, raio ilimitado a partir do centro espiritual - Nota do Trad.] que produz o efeito de eliminar, esvaziando de significado, naturalmente, todo mal e toda discórdia. É a primeira sensação experimentada pelos que alcançam o Mundo Celestial. O Ser [Mônada, Espírito, Eu Superior] encontra [ou reencontra] a si mesmo e a um indescritível prazer na mera existência.O Mundo Celestial está repleto de uma abundante vitalidade espiritual.

Uma das formas de manifestação dessa intensa vitalidade é a extrema rapidez de vibração de todas as partículas e átomos da matéria mental. O corpo mental, constituído de matéria mental e liberto, permanentemente ou temporariamente, do corpo físico, possui uma percepção que excede todas as capacidades da percepção física. Audição e visão passam a ser sentidos integrados, sem a limitação imposta pelos órgãos.

É um estranho poder de ter a percepção comum ampliada e ainda ser capaz de percepções não físicas. Diante um fenômeno qualquer, o Espírito simplesmente obtém, instantaneamente, todas as informações: suas causas, efeitos, potencialidades futuras. É, ainda, capaz de realizações em tempo real: é pensar, acontecer; se pensa em um lugar, encontra-se imediatamente em tal lugar; se pensa em um amigo, terá esse amigo diante de si.

Também não há enganos ou ilusão de aparências: todos os pensamentos e sentimentos de um eventual interlocutor, alguém com quem se conversa, alguém que está presente, estes pensamentos e sentimentos podem ser percebidos, "lidos", com em um livro aberto. [Por isso, em Devachan, além de não haver motivação, vontade para o mal, não há oportunidade para mentiras e más intenções].

Todo o Conhecimento do Universo

Para os habitantes da Morada dos Devas, todo o conhecimento do Universo é acessível. O passado e o presente do mundo [da Terra], registros de eras remotíssimas, memórias da Natureza. O Espírito conhece por testemunho direto qualquer incidente histórico que seja de seu interesse. O Espírito capaz de alcançar os mais altos níveis do Plano mental pode, também, conhecer todas as suas vidas físicas passadas, as implicações cármicas dos acontecimentos, os modos de transformar este carma e seu próprio lugar ou papel no desenrolar da evolução.

Quanto ao futuro, este, somente pode ser vislumbrado, e não previsto, pelos Espíritos mais elevados dos Plano Mental. Isto porque o futuro é uma equação de alto grau de complexidade cujos termos podem mudar em função dos agentes [Espíritos, vontades] envolvidos. Em certa medida, e especialmente quando está em Devachan, o homem tem nas mãos o seu destino, pode mudar o futuro de acordo com a dinâmica de seu desenvolvimento pessoal ao longo das vidas físicas já experimentadas e dos períodos passados em Devachan, que são períodos de iluminação mental.

Impressões de Devachan

Como já foi mencionado, a principal sensação experimentada no instante em que se acessa o Plano Mental [entra em estado de consciência capaz de perceber-se no Plano mental], é de intensa bem-aventurança, felicidade; porém, outras sensações se apresentam ao Espírito: enorme vitalidade, faculdades e percepções ampliadas.

Ao examinar o ambiente à sua volta, ambiente circundante, encontra a si mesmo no meio do que parece ser um Universo de luzes e sons intercambiantes. É algo que não tem termo de comparação no mundo ou Plano Físico. O Espírito sente-se flutuar em um oceano de luz viva, rodeado de linhas, cores e formas que mudam a cada onda de pensamento emitida. Então o Espírito percebe que as formas que o circundam são projeções de suas idéias porque tanto o Espírito quanto toda a matéria do Plano mental são igualmente constituídas em termos energéticos. São matérias da mesma ordem.

O corpo-mente é feito de matéria mental; por isso quando o Espírito pensa ele emite uma vibração que encontra excelente ressonância no meio à sua volta, no ether mental, onde imagens das idéias são, desta forma, reproduzidas com exatidão. Pensamentos sobre coisas concretas tomam as formas destas coisas; idéias abstratas, usualmente, aparecem representadas como formas geométricas.

A Linguagem Colorida dos Devas

O visitante do Plano Mental, confrontado com a experiência de uma realidade repleta de luzes, cores, formas e sons, logo percebe que estes fenômenos originam-se e irradiam-se a partir de diferentes centros. Não é apenas um espetáculo fortuito, uma espécie de devakânica aurora boreal.

O fenômeno começa a revelar significado. O que parecia ser, à princípio, uma aleatória mistura de estímulos sensoriais, são mensagens passíveis de serem entendidas; e o visitante começa a entendê-las: trata-se da "gloriosa linguagem-de-cores dos Devas", expressão do pensamento ou conversa, mesmo, de seres superiores na escala da evolução [da mente-inteligência viva]. Através de experiência e com a prática, um Iniciado aprende a usar essa forma de expressão; ao mesmo tempo descobre que acaba de entrar na posse de uma valiosa herança, dom ou poder deste Reino Celestial: o poder de falar a língua destas criaturas sublimes, os habitantes da Morada dos Devas.

Viajem ao Centro de Si-Mesmo

Em Devachan, se alguém deseja ensimesmar-se, devotar-se à quietude do pensamento, à abstração do si-mesmo e de todo o meio circundante, esse alguém mergulha em seu próprio mundo sem possibilidade de interrupção; simultaneamente, vê-percebe todas as suas próprias idéias e as implicações destas idéias, como um panorama diante dos olhos. Isolado, como envolto por um escudo, nessa condição nenhuma influência pode alcançá-lo. É o momento de um auto-enxame.

Aquele mar de luz assume uma pulsação homogênea e cessam as visões de cores e formas. Advém, então, uma sensação de flutuação através da matéria atmosférica do Plano em um ritmo semelhante a uma respiração feita de longas inalações e exalações. É um vôo de vários estágios, distintos ela vibração, pelos tons harmônicos de sons; vibração e sons que são sentidos como ondas; sons como murmúrios do mar que ecoam como cantos; é a chamada música das esferas.

Se o visitante é puro de coração e mente e alcançou certo grau de desenvolvimento espiritual é possível, para ele, identificar sua própria consciência [Eu] com o fluxo destas ondas, mergulhar nelas deixando-se levar até a Fonte e, se alcançar essa Fonte, estará experimentando o mais elevado nível de Existência.


Rûpa & Arûpa: Regiões de Devachan

Como todas as coisas da Natureza, segundo os ocultistas, a estrutura do Plano Mental é setenária, isto é, organizada em subdivisões ou esferas ontológicas [o mesmo acontece com a estrutura do ser humano, com o mundo Físico e o mundo Astral]. Dos sete subplanos do Plano Mental, quatro são chamados Planos Inferiores [como são 4 os "corpos inferiores" no homem etc.]. Estes quatro subplanos inferiores são denominados rûpa ou Planos da Forma. É nessa região, constituída dos quatro subplanos rûpa, subplanos de formas ou Inferiores, é aí que a maioria dos homens [Espíritos] passa longos períodos de bem-aventurança entre duas encarnações.

Os outros três subplanos do Plano Mental são ditos arûpa ou sem-forma. Constituem o Mundo Celestial Superior, verdadeira morada do Ego Reencarnante, Eu Superior. Uma das diferenças fundamentais entre as regiões Rûpa e Arûpa são os diferentes veículos de consciência [estados de consciência] necessários para Estar transitar entre um e outro. Nos subplanos Rûpa todos os pensamentos são passiveis de assumir uma forma enquanto em Arûpa o fenômeno se processa de modo totalmente diferente.

[Leadbeater promete explicar adiante].

Corpo-Mental & Corpo-Causal

O corpo apropriado para a existência nas condições do Mundo Celestial Inferior [Devachan Inferior] é o CORPO MENTAL enquanto, no Mundo Celestial Superior o veículo de acesso é o CORPO-CAUSAL. O Corpo-Causal é o veículo do Ego reencarnante, aquele Ser Superior [e Anterior] que experimenta vidas, encarnações, durante todo um período evolucionário [Mahavatara - manvatara ou Dia de Brahma].

No Mundo Celestial Inferior, a Ilusão ainda acontece, é possível. Isto porque o Espírito em evolução tem enorme dificuldade de se desapegar dos condicionamentos da Personalidade ou Personalidades assumidas em vidas passadas e mundos deixados para trás. As lembranças dos dias vividos são insistentes mesmo muito tempo depois terreno passado depois da morte [falência funcional] do corpo físico.

Paraíso Pessoal

Porém, em Devachan, mesmo na região inferior, perduram somente os elementos mais elevados da Personalidade: seus melhores pensamentos e aspirações serão as matrizes da realidade que o espírito engendra, à sua volta, a partir de suas próprias idéias, suas próprias evocações mentais. Estes pensamentos formam um espécie de mundo ideal particular que é, objetivamente, a experiência de post mortem da maior parte dos Espíritos desencarnados na Terra.

É o paraíso pessoal de cada um, uma ilusão que parece tão real quanto a vida do Ser em condição de existência no Mundo Físico, posto que para a doutrina budista da realidade, a vida na Terra é, também, uma ilusão — Maya — decorrente deste peculiar estado de consciência resultante do ser estar aprisionado em um veículo de existência físico [de matéria densa].

Habitantes de Devachan: Em seu esforço para descrever os habitantes do Plano Mental, Leadbeater classifica-os em três grandes categorias: Humanos, Não-Humanos e Artificiais.

I. Humanos

Os humanos que habitam ou freqüentam o Plano Mental podem ser vivos ou mortos, ligados a um corpo físico, vivos ou, ainda, encarnados; ou sem ligação com um corpo físico, desencarnados, estes, erroneamente chamados mortos, quando morto significar aniquilação ou Não-Ser.

Encarnados, ou seja, os seres humanos que estão ligados a um corpo físico, que são encontrados em consciência plana no Plano Mental, estes, invariavelmente são ou Adeptos ou pupilos de Adeptos. Um estudante, instruído por seu Mestre sobre como usar seu corpo mental estará apto para se mover livremente nos subplanos inferiores de Devachan.

Conseguir manter a consciência no Plano Mental significa um grande avanço, a unificação do homem que já não é mais uma mera Personalidade mais ou menos influenciada por seu Eu Superior. Trata-se da própria Individualidade que embora, circunstancialmente, confinada no corpo físico, certamente, sabe que possui o poder e o conhecimento de um Ego Superior desenvolvido.

Esses Adeptos e Iniciados são uma visão magnífica para aqueles que aprenderam a vê-los: esplêndidos globos de luzes coloridas, como sóis irradiando sua luminosidade sobre flores, irradiando tranqüilidade e felicidade. Nesse Mundo Celestial trabalhos importantes são realizados, especialmente em seus níveis mais elevados. Deste Plano Superior são irradiadas poderosas influências espirituais na esfera do pensamento.

É a partir de Devachan que muito da força espiritual gerada pelo auto-sacrifício dos Nirmânâkayas é distribuída para o bem da Humanidade. Devachan também é a fonte de ensinamentos diretos que são ministrados àqueles discípulos suficientemente avançados para receberem instrução desta forma. Além destas atividades, o Plano Superior é um ponto de conexão com aqueles que identificamos como "os mortos".

Sono & Transe: Uma questão sempre lembrada é se pessoas comuns, encarnadas, habitantes do Mundo Físico, podem alcançar o Plano Mental durante o sono ou durante o estado psíquico chamado transe. A ocorrência é possível em ambos os casos; entretanto, é extremamente rara. Para que essa transcendência acontece, uma vida pura e pureza de propósitos são pré-requisitos indispensáveis. Ainda assim, em transe ou durante o sono, alguém que alcança Devachan não desfrutará ali, nessas condições, de uma consciência plena e poderá, somente, receber algumas impressões.

Humanos Desencarnados Os Mortos: Antes de considerar a condição existencial do Ser [Espírito] desencarnado, nas sete subdivisões do Plano Mental, é conveniente recordar a distinção entre os níveis Rûpa e Arûpa, as regiões da Forma e do Sem-Forma.

Em geral, o homem vive no mundo dos seus próprios pensamentos. Na situação existencial post mortem, o comum é que o Espírito continue identificando a si mesmo como aquela Personalidade, protagonista da vida mundana recentemente encerrada pela falência do corpo físico. Mais tarde, possivelmente compreenderá que É, antes de tudo, um Ego reencarnante e perceberá, com mais ou menos clareza, o projeto evolutivo no qual está engajado e o trabalho que lhe cabe fazer.

Todos os Espíritos passam pelo estágio devakânico entre cada nascimento e morte embora a maioria, pouco desenvolvida espiritualmente, tenha pouca consciência desse estágio que experimentam antes como se fosse um sonho que uma realidade. Todavia, todo Espírito, consciente ou inconscientemente alcança o Plano Superior ou Mental antes de sua próxima reencarnação.

No post mortem, espíritos pouco desenvolvidos vão habitar um dos quatro subplanos do Plano Mental ou Devachan. Ali passarão a maior parte do tempo que deverá transcorrer até a próxima encarnação. Conforme evoluem, o tempo passado nos níveis inferiores de Devachan diminui, e o Espírito pode se elevar até os subplanos mais elevados, onde passará períodos cada vez mais longos.

É uma elevação progressiva: que conduzirá à consciência unificada do Ser, quando os Planos Inferior e Superior se tornam Um e o Espírito é capaz de ver através de sua própria nuvem de pensamentos e enxergar a totalidade do grande Mundo Celestial à sua volta. Então, o Espírito percebe as reais possibilidades de sua existência e pela primeira vez, começa, verdadeiramente, a viver. O Ser encontrou o Caminho e tem seu progresso e seu futuro em suas mãos.

Os Subplanos de Devachan: O Primeiro Céu

O Primeiro Céu abriga aqueles cuja principal característica emocional é a afeição pela família e pelos amigos, uma afeição desinteressada, embora, apenas em certa medida. Isso não significa que este tipo de amor deva ser aniquilado em uma eventual ascensão a um plano mais elevado. As nobres aspirações, os pensamentos elevados, são compatíveis entre si, cumulativos.

Entidades:

O Comerciante Uma das primeiras entidades encontradas por investigadores neste subplano, era um típico habitante do primeiro Céu. Um homem que durante a vida tinha sido um modesto merceeiro [dono de mercearia]. Não tinha sido uma pessoa de notável desenvolvimento intelectual nem fora um religioso de dedicado. Apenas um honesto, comum e respeitável pequeno comerciante. Ia à igreja todos os domingos porque era um costume e a coisa certa a fazer. Religião, para ele, era uma espécie de nuvem obscura que ele realmente não conseguia entender. entendia, sim, dos negócios, do dia-a-dia. Não tinha nenhuma devoção profunda, o que poderia tê-lo elevado, naquele post mortem, a um subplano mais elevado, como o Segundo Céu [TÓPICO ABAIXO].

Todavia, ele tinha uma forte, sincera e generosa afeição por sua família. Eles estavam constantemente em seu pensamento e era para eles que ele trabalhava do alvorecer ao anoitecer em sua lojinha. Depois da morte, passado um período [de purificação] no Plano Astral [Kama-Loka], o homem se viu livre do corpo-de-desejos, o corpo astral, que se desintegrou em processo natural e, assim, aquele homem, transcendeu o astral, e entrou em estado de consciência adequado à percepção existencial do Plano Mental, no Primeiro Céu onde, por suas próprias projeções mentais, viu-se rodeado daqueles a quem tanto amava.

Gregos & Romanos Havia uma mulher grega que tinha passado um maravilhoso período de convivência com seus três filhos. Uma notável característica do Primeiro Céu nos últimos séculos é grande números de habitantes provenientes de vidas como romanos, cartagineses e ingleses que ali se encontram, isto porque entre os homens destas nações os valores afetivos ligados à família são muito fortes. Comparativamente, há poucos hindus e budistas, posto que a religiosidade é um elemento que, desde muito cedo, ganha enorme importância em suas vidas, superando os afetos familiares. Por isto, hindus e budistas alcançam subplanos mais elevados mais freqüentemente [o Segundo Céu está ligado à devoção religiosa].

Os casos observados são diversos. Os diferentes graus de avanço das Entidades [Espíritos] são distinguíveis por seus diferentes graus de luminosidade; diferenças de cor indicam qualidades que foram desenvolvidas, mais ou menos, por estes Espíritos em suas vidas físicas. Há os amantes, separados pela morte, cujos pensamentos criam o mundo onde o ser amado está sempre presente. Há os que são desencarnados de uma condição quase selvagem, como um malaio, muito pouco desenvolvido espiritualmente mas que elevou-se ao Primeiro Céu pelo seu amor altruístico devotado a uma filha.

Em todos os casos á a afeição, o amor desinteressado, altruísta que produz a condição de acesso ao Mundo Celestial. Nos casos observados, as imagens de entes queridos não são perfeitas ou iguais ao que se estava acostumado a ver, no entanto, sua presença é, ainda assim, extremamente satisfatória porque a visão, no Plano Mental, fornece outros aspectos de um objeto ou sujeito que eram imperceptíveis no mundo físico.

Na vida terrena, as pessoas se vêem apenas parcialmente. Em Devachan, o conhecimento que se tem do outro é muito ampliado. A percepção visual das pessoas, no Plano Mental, é uma visão da totalidade do Ser e, muitas vezes, um amigo pode parecer irreconhecível até que seja identificado, por outras características, não visuais.

Tempo em Devachan: Muitos questionam se, no Plano Mental existe consciência ou noção de tempo, qualquer tipo de alteração correspondente a dia e noite, sono-repouso e vigília. No Mundo Celestial, o único despertar é o lento alvorecer da existência de bem-aventurança caracterizado pelo sentido-mental que permite ao Espírito perceber-se vivo, existente, ainda, neste Plano. O único sono é o gradual mergulho em uma feliz inconsciência que precede o fim do período de permanência em Devachan, antecedendo uma encarnação próxima.


Segundo Céu

A característica dominante do Segundo Céu [sexto subplano do Plano Mental] pode ser definida como "devoção religiosa antropomórfica". A devoção que eleva um homem ao Segundo Céu é aquela totalmente livre de interesses pessoais. Consiste, essencialmente, em infinita devoção a uma divindade personalizada. A devoção em nível superior encontra sua expressão em trabalho efetivo dedicado à Vontade desta Divindade.

Grande parte dos habitantes do Segundo Céu foram, em suas vidas terrenas, seguidores de religiões orientais, alguns praticantes de uma fé inteligente; outros seguidores fanáticos ou superficiais. Devotos de Vishnu, em seu avatar Krishna e outros [avatares de Vishnu] e uns poucos devotos de Shiva são encontrados neste subplano; os fanáticos, ensimesmados em seus pensamentos, sozinhos, com seu próprio deus, esquecidos do resto da raça Humana, exceto por aquele a quem porventura amou em sua vida terrena. Um Vaishnavita, por exemplo, foi encontrado completamente absorvido em estática adoração sobre a mesma imagem de Vishnu, a mesma que ele havia adorado enquanto vivia na Terra.

Outra característica do Segundo Céu é encontrada entre mulheres que, de fato, são a maioria dos habitantes deste sub-plano. Uma dessas mulheres, hindu, tinha glorificado seu marido como ele fosse um ser divino e acreditava que seu próprio filho brincava com Krishna; o filho, parecia com a criança real, do mundo físico, a criança Krishna em nada lembrava a imagem de madeira que ela possuía em vida. No Mundo Celestial, Krishna apareceu a essa mulher em outra forma, embora também muito popular: como um homem jovem e efeminado tocando uma flauta. Outra mulher, adoradora de Shiva, confundia o deus com o marido. Muitos budistas são encontrados neste Segundo Céu; são budistas que identificam no Buda [O Iluminado] mais um objeto de adoração ao invés de enxergar um avatar, um grande Mestre.

Cristãos: Os cristãos também são numerosos entre os habitantes do Segundo Céu. Ali podem chegar os devotos mais simples, como os camponeses iletrados do cristianismo católico europeu, ou como o sincero soldado do Exército da Salvação. Um camponês da Irlanda foi visto absorto em profunda adoração à Virgem Maria, que lhe estendia as mãos, falava com ele. Um monge medieval foi encontrado na contemplação extática do Cristo crucificado e, na intensidade de sua ardorosa devoção, ele apresentava, sangrando, os estigmas de Jesus.

Outro homem parecia ter esquecido a parte triste do Evangelho e seu pensamento concentrava-se sobre a imagem de Jesus glorificado em seu trono, rodeado de um mar de cristal e uma multidão de adoradores, entre os quais, o próprio homem e sua família. Seu afeto pelos parentes era profundo ainda que seus pensamentos fossem inteiramente devotados à Cristo e ainda que sua concepção da divindade [do Logos] fosse antropomórfica, material. O Jesus deste homem era evidentemente influenciado pela formação cultural na vida passada: a figura oscilava entre a imagem de um homem e representação de um cordeiro que ele via diariamente na janela vitral da igreja de sua paróquia.

Evangelho Espanhol: Uma freira espanhola, morta entre os 19 e 20 anos, desfrutava seu Paraíso Devakânico vivendo na época em que Jesus esteve na Terra. Era uma seguidora do Messias e acompanhava todos os acontecimentos relatados nos Evangelhos. Presenciou a crucificação e, depois disso, cuidava da Virgem Maria. Em seus pensamentos-aspirações projetados, os ambientes e vestuários não eram, absolutamente, fiéis à realidade histórica da Judéia do século I d.C.. Na projeção da feira espanhola, Jesus e seus discípulos vestiam-se como camponeses espanhóis e colinas à volta de Jerusalém eram portentosas montanhas cobertas de videiras e oliveiras, tal como na Espanha. Ela via a si mesma martirizada por sua fé e subia aos céus. Esse enredo repetia-se continuamente na existência devakânica desta mulher.

Terceiro Céu

A característica deste sub-plano pode ser definida como devoção expressa pelo trabalho afetivo. Os cristãos deste sub-plano, por exemplo, ao invés de adorar o Salvador de maneira apenas contemplativa, pensam em si mesmos como pessoas que estão e/ou vão ao mundo para trabalhar por Jesus. Os habitantes do Terceiro Céu engajam-se em realizar tarefas que ficaram pendentes na Terra, relacionadas às instituições religiosas e filantrópicas.

Ali, as elevadas e sinceras formas de trabalho missionário são realizadas. Um caso impressionante de devoção missionária é o "profeta" Mohamed, o Maomé muçulmano que, no post mortem, imaginava a si mesmo ainda trabalhando, zelosamente pela "conversão do mundo" que seria governado pelos princípios da fé islâmica. [Felizmente, este foi o ideal pessoal de Mohamed que não precisa se tornar pesadelo no mundo físico real considerando os caminhos doutrinários e práticos, marcados pela violência, que o Islã tem adotado na época atual].

Quarto Céu

Neste, que é o mais elevado dos quatro sub-Planos inferiores de Devachan, quarto nível de Rûpa, abriga atividades variadas que podem ser classificadas em quatro tipos gerais: a busca desinteressada pelo conhecimento espiritual; os pensamentos elevados da filosofia e da ciência, igualmente motivados por altruísticos propósitos; o exercício de habilidades artísticas e o "servir pelo servir".

São Espíritos que se dedicaram a religiões no sentido de obter conhecimento espiritual. São a maioria da população do Quarto Céu de Davachan. Recorde-se que no Segundo Céu, segundo nível inferior de Devachan-Rûpa, encontram-se budistas cuja devoção religiosa dirigi-se à pessoa de um Mestre. entre budistas do Quarto Céu, a atitude é de atenção ao Mestre e, especialmente, aos ensinamentos do Mestre. A dedicação é ao estudo e não à pessoa.

Na existência Celestial, aquele desejo de conhecimento é plenamente satisfeito; os discípulos recebem o conhecimento diretamente do Senhor Buda, cuja forma lhes aparece como uma brilhante efusão de luminosa sabedoria, poder e amor.

Muitos hindus seguidores do Caminho da Sabedoria encontram-se no Quarto Céu. Uns poucos entre os mais avançados Sufis [místicos árabes-muçulmanos] e Parsis [seguidores do zoroastrismo] também estão ali bem como alguns dos primeiros Gnósticos espiritualmente desenvolvidos. Um fato curioso é que os cristãos e os muçulmanos são raríssimos neste sub-plano, possivelmente pela superficialidade da prática religiosa popular destas igrejas.

Pesquisadores e estudantes sérios das ciências ocultas também habitam o Quarto Céu. Entre estes, havia um monge budista, que tinha sido estudante de Teosofia e que havia alimentado sempre a esperança de ser instruído diretamente por seus Mestres Adeptos. Em sua existência celestial, a figura de Buda era dominante enquanto dois de seus mestres em Teosofia também apareceram como auxiliares. O monge recebeu muitos ensinamentos sobre ocultismo, conhecimento que levou consigo, seguindo o Caminho da Iniciação na vida subseqüente.

Um Astrônomo: Outro habitante, era um astrônomo que fora cristão ortodoxo no início de sua vida mas que, gradualmente, sob influência de seus amplos estudos, inclinou-se para o Panteísmo. Em sua existência post mortem, no Quarto Céu, ele ainda se dedicava aos estudos com muita reverência e, finalmente, passou a ser instruído no verdadeiro conhecimento através de uma ordem de Devas [deuses, seres divinos, não-humanos] que revelaram os majestosos movimentos cíclicos das estrelas, suas transformações, sua relação com a Luz-Viva.

Ele estava totalmente absorto na contemplação dos movimentos giratórios da nebulosas no processo de formação dos sistemas e dos mundos. Parecia distinguir naquele panorama a forma do próprio Universo, que ele imaginava como um grande animal. Seus pensamentos, realizados em formas-pensamento, circundavam-no em figuras elementais de estrelas e um deleite especial para este astrônomo consistia em escutar a melodia de um poderoso coral que era, em si mesmo, simplesmente, a vibração harmônica dos orbes em movimento.

Artistas: A Arte é uma atividade típica do Quarto Céu; arte em sua expressão mais elevada, literatura, dança, pintura, escultura, dança etc., são inspirados pelo desejo de elevar e espiritualizar a Humanidade. O Quarto Céu está repleto de grandes músicos: Mozart, Beethoven, Bach, Wagner e outros continuam, em seu post mortem, brindando o Mundo Celestial com a harmonia de suas criações, ainda mais belas dos as que produziram na Terra.

Essa música, no Mundo Celestial, emana de toda parte e pode ser claramente ouvida pelos habitantes que estão em plena consciência. Porém, mesmo aqueles que estão encapsulados em seus próprios mundos de pensamentos, são influenciados pela melodia, cuja função é, precisamente, produzir estados emocionais-espirituais elevados, benéficos; tranqüilidade e felicidade.

Pintores e escultores também trabalham ali com os mesmos propósitos: fazer arte como instrumento de elevação espiritual. Suas obras, além de serem indutoras de estados mentais superiores também alcançam o Mundo Físico inspirando artistas, vivos, na Terra, para que produzam, também entre os homens encarnados, peças artísticas que sejam úteis para o avanço espiritual da Humanidade.

Arûpa O Mundo Celestial Superior

Nos sub-Planos Rûpa, acima descritos, que são quatro e pertencem aos sete integrantes do Plano Mental, a percepção que o Espírito tem de si mesmo é referenciada à Personalidade [essencialmente efêmera, temporária], à pessoa que ele foi na vida passada.

Em Arupâ, a dimensão dos três sub-Planos Superiores de Devachan, o verdadeiro Ego ou Eu Superior de cada Mônada, o Espírito tem sua morada real. Em Arûpa ele vê todas as coisas claramente; está livre das ilusões da Personalidade, dos reflexos, dos condicionamentos dos planos inferiores de existência. Neste Plano, a consciência tem algo de nebulosa e onírica, entretanto, esta é uma visão verdadeira embora limitada.

É um estado de consciência completamente indescritível nos termos da psiquiatria e/ou psicologia contemporâneas. Esta condição de Ser e estar tem sido chamada de "reino do Noumeno" [ou númeno, idéia abstrata formativa matricial], em contraste com o Reino do Fenômeno; Mundo dos Sem-Forma, em contraposição ao Mundo das Formas. Este Reino do Númeno é, ainda, um mundo de manifestações. A "ausência de forma" refere-se ao aspecto de definição da forma posto que os "corpos arûpa" são constituídos de um tipo de matéria extremamente sutil, plástica, auto-moldável.

Vida Superfísica: Depois do período existencial chamado vida celestial o repouso no Céu segue-se uma outra fase de Ser para o Espírito antes do renascimento na Terra e, embora para a maioria das pessoas este estágio seja extremamente curto, não deve ser ignorado quando se deseja obter uma concepção completa da vida superfísica do Homem.

O homem mediano tem uma visão parcial de si mesmo e do que seja sua vida. Em geral, as pessoas sequer param para pensar na diferença possível entre "uma vida" e "uma existência". Portanto, as pessoas têm um auto-entendimento errado, condicionado, limitado. Encara-se o viver como sinônimo de existir e do ponto de vista da auto-percepção física. Raramente, o Homem medita em busca de perceber a si mesmo como Alma [Espírito]. A visão humana das coisas engana-se pela ilusão de uma proporção equivocada; a realidade, é maior.

Entretanto, por maior que seja a ilusão em que o Espírito possa ter mergulhado em seu post mortem, existe um momento na experiência devakânica em que o Eu Superior terá a visão completa de si mesmo, da vida passada, de outras vidas, das relações entre estas experiência, das possibilidades de sua vida futura.

O Quinto Céu

Neste sub-Plano de Arûpa estão a maioria dos habitantes de Devachan, engajados na presente evolução humana. Estes Espíritos são ovóides, coloridos e quase invisíveis, de tênue consistência; mas são Egos desenvolvidos e estes corpos ovóides emitem uma luminosa irradiação como os reflexos de uma bolha de sabão. São compostos de matéria inconcebivelmente delgada, delicada, etérea estes seres intensamente vivos e pulsantes como fogo vivente.

Estes seres ovóides são humanos em corpos-causais conectados por um vibrante fio de luz aos Planos Superiores: "A centelha é sustentada pela Flama fina do fio de Fohat" [ESTÂNCIAS DE DZYAN Apud Doutrina Secreta]. Entre estes, existem os que estão encarnados e os desencarnados. Os Espíritos conectados a um corpo físico ou seja, vivem na Terra mas Estão, de fato e ao mesmo tempo, no Plano Superior — estes Espíritos, distinguem-se dos desencarnados pelo tipo de vibração em sua superfície.

A grande maioria, encarnados ou não, existe, neste Plano — Quinto Céu, em estado onírico de semi-consciência. Os que estão realmente despertos distinguem-se pelo fulgor de seu brilho, pela sua aparência de estrelas de grande magnitude. Para a maior parte, para os globos, a experiência no corpo-causal, a existência no Plano Mental Superior, é uma lento e novo aprendizado.

A maioria não está suficientemente desenvolvida nem tem plena condição de entender o propósito das leis evolutivas no qual estão engajados. Sofrem encarnações por irresistível obediência à Vontade Cósmica, por causa de Tanha, a tendência cega pela vida manifestada, desejo de encontrar alguma região onde possam se sentir e ser uma consciência vivente.

Estes Espíritos Globulares existem em uma espécie de simbiose com outros planos ontológicos. Através de seu luminoso "cordão umbilical" recebem as influências externas que, gradualmente, alimentam o processo de evolução de consciência e percepção. entre outras coisas, aprendem a reconhecer e a lidar com seus próprios padrões de vibração particular [de seu próprio ser que é Centelha]. Recebem influências Celestiais e terrenas.

Descobrem, enfim, o centro consciente de seu corpo-mental e passam a governar suas emoções através do controle do pensamento. No próximo estágio, encontram o centro de seu corpo-causal e experimentam uma vida verdadeira passando a habitar o sub-Plano Superior chamado Sexto Céu. Estes seres, em processo de evolução para uma condição divinizada de ser, são protagonistas de complexos sistemas ontológicos.

O relato de Leadbeater sugere o exercício da ubiqüidade, capacidade de Ser e Estar em dois lugares-situações-planos ao mesmo tempo. Enquanto o Ego ou Eu Superior permanece mergulhado em profunda reflexão no Quinto Céu, ao mesmo tempo, o mesmo Eu, em um aspecto inferior, uma Personalidade, poderá estar experimentando uma vida terrena, em um corpo físico. O Eu físico, sem consciência do Eu Superior; o Eu Superior, tendo consciência mais ou menos plena do desenrolar da existência da personalidade terrena. Outros Espíritos do Quinto Céu, mais avançados, concentram-se na análise de suas vidas passadas, traçando suas motivações, causalidades, efeitos.

Sexto Céu

O Sexto Céu, em comparação ao planos inferiores de Devachan, é como um pequeno e pacífico país habitado por uma minoria de indivíduos que alcançaram este nível elevado de existência porque obtiveram a verdadeira auto-consciência e o Conhecimento da Verdade. São criaturas que percorreram o Caminho. Recordam suas experiências ao longo do processo evolutivo, suas vidas passadas, os estágios passados na condição física, os momentos de post-mortem, os veículos inferiores que utilizaram.

Somente os Espíritos que buscam conscientemente o desenvolvimento habitam este Plano. São muito receptivos às influência do Plano Superior [Sétimo Céu] e têm amplas possibilidades de evolução, sendo instruídos por entidades sublimes, em contato direto com seus Mestres. Seus pensamentos não mais se projetam em figuras mas por luminescências impossíveis de descrever [a linguagem colorida dos Devas].



Sétimo Céu: Os Mestres da Sabedoria

O Sétimo Céu é morada dos "homens que transcenderam a Humanidade", os mais elevados entre os Espíritos, que já não têm nenhuma necessidade de voltar ao Mundo Físico. São os poucos, raros e poderosos Mestres da Sabedoria e da Compaixão. Ali, com eles, habitam também os discípulos mais adiantados.

Suas formas e cores, pela beleza e esplendor, não encontram expressão em linguagem humana. Eles simplesmente São; e alguns deles estiveram e/ou estão entre os humanos, entre os quais trabalham semeando a evolução nos Planos Inferiores. Para os Mestres, a ilusão da Personalidade não mais existe. Se estão entre os homens, permanecem conscientes de que não são de natureza Inferior mas, antes, apenas estão utilizando um veículo de natureza inferior porém útil à experiência. Sua auto-consciência é contínua, não interrompida pelos percalços de mortes e renascimentos.

Em pleno domínio de seus corpos-causais, estes seres possuem saber instantâneo sobre todas os os outros Planos Inferiores onde podem agir livremente, influenciando, projetando energia adicional em formas-pensamento que servem aos propósitos de seus ensinamentos. Neste Plano Superior, Sétimo Céu de Devachan, são geradas as energias [pensamentos] por meio dos quais os Mestres da Sabedoria trabalham pela evolução da Raça Humana, agindo diretamente sobre os Espíritos [homens, pessoas], estimulando o apreço pelos altos valores do bom, do belo, do bem, iluminando inteligências, purificando emoções.

A luz destes mestres agindo no planeta é semelhante à luz do sol: alcança todas as pessoas, pessoas que são como a terra, propícia ou não às sementes que a Natureza nelas deposita. Deste modo, a oportunidade de iluminação é oferecida a todos, e para cada um, em seu tempo psicológico apropriado; ou seja, cada um terá o seu momento de transformação. Os Velhos Irmãos da Raça irradiam sua energia como o Sol distribui sua luz, e esta é sua glória: servir.

IMAGEM ACIMA: de Regents of the Seven Spheres, H. K. Challoner. Theosophical Publishing House. 1976. Page 58. IN KHEPHER.NET | ECOGNOSIS Understanding Devas, earth spirits, elementals and the planetary Buddhas.Steven Guth, 2005 - acessado em 17/08/2007

II. Não-Humanos

O Plano Mental é Cósmico em sua extensão. Embora neste livro, Leadbeater se atenha à descrição dos habitantes de essência humana ou, ainda, estreitamente ligados à humanidade terrena, em Devachan são encontradas as mais curiosas entidades praticamente indescritíveis, visitantes de outros planetas e sistemas. Neste texto, o autor optou por falar apenas dosa seres não-humanos do Plano Mental mas que que pertencem à cadeia de mundos da Terra.

Essência Elemental

Essência elemental é a substância que constitui a unidade monádica [embrião de espírito], o Espírito em seus primeiros estágios de evolução. No processo de formação-individualização do seu corpo-causal, o Espírito Humano passa por seis estágios evolutivos em seis Reinos da Natureza: três estágios em reinos elementais e, ainda, os estágios nos Reinos mineral, vegetal e animal.

Este processo de individuação ou de diferenciação do Espírito Uno-Universo em Diverso, é aquilo que teologicamente se chama de queda do Espírito na Matéria. A "onda de vida" evolui durante incontáveis Eras e de uma forma tão complexa que foge à compreensão humana atual. Trata-se de uma contínua combinação, criação e recriação de partículas, átomos, moléculas, células matéria utilizada na constituição dos veículos físicos que os Espíritos utilizam em cada fase de sua evolução.

Reinos Elementais: A essência elemental encontrada no Plano Mental em Devachan, constitui o primeiro e segundo dos grandes reinos Elementais [ou Reinos do Elemental]. Este reino elemental é constituído de grandes massas de matéria atômica mental. Sua estrutura não combina átomos em moléculas sob nenhuma das formas de ligação química que a ciência atual reconhece. Seus agregados são formados por mera compressão. Leadbeater desenvolve o tema dos Elementais em outro livro, Astral Plane: It's Scenery, Inhabitants and Phenomena.

Reino Animal

No Plano Mental, o Reino Animal é representado por duas categorias de seres. No Mundo Celestial Inferior, Rûpa, são encontrados "almas-grupos" [Legião], formações que reúnem animais. No Terceiro Sub-Plano, já em Arûpa, existem, comparativamente, poucos corpos-causais de membros do reino animal que, neste estágio elevado de Devachan, são individualizados [indivíduos]. Estes animais de Arûpa estão em um ponto evolutivo no qual já possuem um corpo causal primitivo.

Depois da morte, nos Planos Físico e Astral, o indivíduo-animal, geralmente, perdura, sobrevive no além. Vive, existe, no Mundo Celestial Inferior Rûpa em estado de consciência onírico [de sonho]. Sua condição durante este período é semelhante à condição do ser humano no mesmo nível ainda que a atividade mental do Ser animal seja muito menos intensa. ainda assim, o animal percebe-se rodeado por suas próprias formas-pensamento, que podem, naturalmente, incluir as recordações de seus amigos na Terra. Muitos animais de estimação desenvolvem, durante sua vida na Terra, um sentimento de tão pura afeição por seus donos [ou tutores] humanos que elevam, desta forma, sua própria condição espiritual.

* As tradições hindu-budista-tibetana e outras ainda de vertente ocidental admitem que o espírito, normalmente, passa por todas as experiências existenciais antes de tornar um Ser Superior, um Iluminado ou coisa que o valha. Decorre desta premissa que todo Espírito humano um dia, em algum Eón, em algum Dia de Brahma, foi animal, bem como foi, antes ainda, vegetal, mineral... Destaca ainda a tradição que no processo evolutivo não há retrocesso; um animal não reencarna vegetal; um homem não reencarna animal. O carma não necessita nem inclui este tipo de retrocesso na essência psíquica do Ser. [Nota d. Trad.]

Quando um animal individuado está recolhido em seu corpo-causal, enquanto espera que a Roda da Evolução lhe ofereça a oportunidade de uma encarnação humana primitiva [inicial], este animal perde a consciência das coisas exteriores, da alteridade. Passa seu tempo em um tipo de prazeroso transe, em profunda paz e contentamento. Em uma esfera superior e inconsciente deste Ser animal, o processo evolutivo continua operando, processando as experiências mundanas.

Devas: Os Anjos

Devas são seres como aqueles que os ocidentais chamam de Anjos, Filhos de Deus etc.. Constituem um grande sistema propulsor de evolução especialmente relacionado com a Terra. São superiores aos homens tal como os homens são superiores aos animais. Um homem que alcança o grau de evolução espiritual denominado Asekha, pleno Adepto, encontra o Caminho que pode conduzi-lo à condição de Deva.

Ligados à evolução da Humanidade Terrena, os Devas, entretanto, não estão restritos ao conhecimento e acesso do que é terreno. Conhecem todos as regiões das cadeias planetárias. alguns são originários de outros sistemas solares, outras Humanidades. Todos, porém, passaram por estágios de progresso comparável ao processo evolutivo humano.

Categorias de Devas: existem três grandes categorias de Devas Inferiores chamados:

1. Kâma-Devas, Anjos do Astral
2. Rûpa-Devas, Anjos do Céu Inferior [de Rûpa]
3. Arûpa-Devas, Anjos do Céu Superior [de Arûpa]

O corpo de um Kama-Deva é feito de matéria astral assim como o corpo de um Rûpa-Deva é feito de matéria mental. Os Arûpa-Devas possuem seu corpo causal que, pelo que foi exposto por Leadbeater até aqui, é o corpo verdadeiro de todo Ser. Existem Devas e outros seres superiores aos Arûpa-Devas em quatro outras grandes classes; seres como os Espíritos Planetários e os Budas.

III. Seres Artificiais

O Plano Mental está repleto de seres artificiais, essencialmente ilusórios, de existência temporária, criados pelos pensamentos dos habitantes de Devachan, especialmente dos habitantes dos sub-Planos Inferiores Rûpa. São idéias projetadas por encarnados e desencarnados, Devas, visitantes de planos superiores. Os pensamentos "chamam à existência" essas criaturas e sua presença não é inútil pois expressam, revelam verdades complexas, simbolizam anseios, medos, paixões, afetos. São seres suja presença deve ser interpretada pelo conteúdo simbólico, semiótico porque, certamente, estes seres são, em si mesmos, mensagens para o Ego que as projetou.

FONTE:
The Devachanic Plane or The Heaven World - Its Characteristics and Inhabitants
by C. W. Leadbeater.
THE THEOSOPHICAL PUBLISHING SOCIETY - LONDON AND BENARES: 1902

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